jaqueta
“♪ I want you for a lifetime ♪
♪ So if you're gonna think twice, baby ♪
♪ I don't wanna know, baby, I don't wanna know ♪
Kingdom Hearts 3 é uma obra de arte. Após 43 dias e 300 horas no total, finalmente terminei de rejogar todos os jogos da franquia (ainda falta a DLC do 3, mas isso não vem ao caso) e, sinceramente, Kingdom Hearts 3 é o jogo mais injustiçado da série inteira. Pode ter seus problemas, e de fato tem alguns, mas ainda é excelente em praticamente todos os aspectos. Foram longos 13 anos entre o segundo e o terceiro jogo da franquia, 6 anos entre o anúncio e o lançamento, e agora já tem quase 5 anos desde que foi lançado. Tudo isso sem dúvida se refletiu na qualidade do jogo.
A história continua direto do final de DDD/0.2. Riku e Mickey vão atrás de salvar a Aqua no Reino da Escuridão, enquanto Sora precisa recuperar seus poderes e conseguir o poder do despertar (que o Riku conseguiu no DDD). Para isso, ele vai novamente passar pelos mundos da Disney até conseguir força suficiente pra enfrentar Xehanort de uma vez por todas. O enredo é meio simples no começo, mas com o tempo vai se expandindo. Uma das reclamações do pessoal é sobre a história ser uma bagunça, mas eu discordo. É só prestar atenção nos jogos anteriores que você entende fácil (ainda mais com o resumo da história inteira da franquia nesse jogo) e a própria estrutura da história é bem mais compreensível.
É realmente surpreendente como todos os acontecimentos são bem amarrados e a história consegue dar um desfecho quase perfeito pra literalmente TODOS os personagens, incluindo os de cada mundo da Disney. Até o Xehanort teve um final bonito. O epílogo ainda traz um pequeno teaser do próximo arco da franquia e consegue juntar com maestria TODAS as pontas soltas. Todos os conceitos introduzidos na franquia são aproveitados e explicados nesse jogo. Até os vilões têm bem mais desenvolvimento, com cada membro da Organization XIII tendo suas motivações apresentadas, e agora não são maus simplesmente por serem.
Sendo direto, é um dos finais mais lindos dos videogames, realmente fiquei emotivo assistindo, pau a pau com o final do 2.
Sobre a gameplay, ela é disparada a melhor da franquia. Discorda = Burro. Conseguiram misturar quase tudo que a série teve até agora, usando como base a estrutura de Kingdom Hearts 2 (que já era a melhor da franquia). Os Reaction Commands voltaram com algumas diferenças, junto com a estrutura de equipamentos de defesa, habilidades, atalhos para magias e contra-ataque.
• Flowmotion: É um ponto um pouquinho abaixo do DDD. Por não ser o foco do jogo, você não usa tanto e ele foi bem nerfado. Pelo menos tá no jogo.
• Command Decks: Finalmente se livraram dessa desgraça e integraram a gameplay de forma natural. Em vez de esperar a oportunidade de usar os ataques que você quer, agora você só carrega uma barra de acordo com seus golpes pra usá-los.
• Transformações: Bem melhor que as Drive Forms do 2 e com bem mais variedade. Agora as Keyblades possuem diferentes transformações (entre 1 e 2), e cada uma tem um moveset novo, combos novos e mecânicas novas. Você pode usar martelos, ioiôs, espadas, cajados e por aí vai. A variedade é enorme, além de permitir usar 3 Keyblades diferentes no combate, semelhante à troca de estilos em DMC.
• Shotlock e Summons: O sistema de Shotlock melhorou muito, cada arma tem um Shotlock diferente e o sistema de mira é bem melhor. As Summons também retornam, em menor quantidade, mas mais complexas e com diferentes funções.
• Attractions: Entrou no lugar dos Reaction Commands. Em vez de ter uma finalização ou interação exclusiva pra inimigos e objetos, aqui você pode literalmente usar brinquedos de atrações da Disney pra lutar: Montanha-Russa, Navio Pirata, Xícaras Malucas, Carrossel, e por aí vai. É divertido pra caramba, ainda que eu sinta falta dos Reaction Commands.
• Gummi Ships: Criaram toda uma mecânica com pequenos mundos semi-abertos pra se explorar com a nave. Todos os trechos de combate são opcionais e pegar as peças pra nave foi muito mais facilitado. Ainda prefiro o modelo de Bullet Hell do 2, mas esse ficou bom também.
No geral, o combate é excelente, viciante e divertidíssimo. Ele não deixa de te surpreender em nenhum momento do jogo e as boss fights são incríveis, uma melhor que a outra.
Indo agora pros mundos da Disney, algumas das críticas que eu vi foram sobre eles serem meio inúteis em relação à história. Quem diz isso tá cego pela nostalgia. Isso acontece em praticamente todos os jogos da franquia, menos o 1. No 3, isso fica acentuado nos mundos de Enrolados e Frozen, onde de fato o Sora não tem tanta interação. Agora falando dos melhores mundos:
☆ Piratas do Caribe: Minha franquia favorita da Disney. Eu já adorava esse mundo no KH2, e aqui só melhorou. No estilo do Black Flag mesmo, adicionaram combate naval, um mundo aberto pra você navegar, exploração aquática, combate na água, ilhas e vários segredos. O gráfico desse mundo chega a ser sacanagem, tudo é fotorrealista e a qualidade técnica é impressionante, ainda mais em um jogo com gráficos mais estilizados. A luta com o Davy Jones é muito foda e a Keyblade que você libera foi disparado a que eu mais curti usar.
☆ Hércules: Confesso que nunca fui muito fã desse mundo nos outros jogos, já que sempre ficava nesse lenga-lenga de torneios. Mas aqui serve como prólogo do jogo e é um dos prólogos mais fodas dos videogames. Talvez só fique atrás do começo do God of War 3 (meio irônico já que ambos fazem parte da mitologia grega). Os cenários são lindos e eles apresentam todas as mecânicas do jogo. É de tirar o fôlego a tonelada de coisa acontecendo. A última luta desse mundo é de arrepiar.
☆ Monstros S.A.: As interações entre os personagens são excelentes e é bem legal ver o elenco principal com visual de monstro. Além disso, a história é bem bacana. A Keyblade que você libera é uma das melhores, e os Unversed retornam como inimigos, dando uma certa variedade pro gameplay.
Como menção honrosa, tem o mundo de Operação Big Hero, que traz um mundo aberto e sistema de missões, no estilo de um jogo de super-herói mesmo, só não coloco nos melhores por ele ser meio curtinho e o mundo ser um pouco vazio. Já sobre os mundos problemáticos, o de Frozen é de fato o mais fraco. Não falo da qualidade do filme nem das músicas, mas esse mundo é simplesmente gigante e não tem nada pra fazer. O Sora não serve pra nada na história, o labirinto é um inferno e te forçam a subir a mesma montanha duas vezes pra nada.
O de Enrolados, apesar de não ter tanta utilidade, é bem divertido e lindo de se ver. Você realmente se sente dentro do filme. Só de tirar screenshot você desconfia se não é do filme mesmo. Como crítica, alguns mundos foram muito reduzidos, como Radiant Garden e Twilight Town. Entendo quem se incomode, mas não me preocupou tanto. Outro que sofreu um corte foi o do Ursinho Pooh, disparado o pior mundo em todos os jogos da franquia. Então fico feliz que seja curtinho.
Sobre as críticas à história, vejo muita gente falando sobre o excesso de cutscenes e eu fico meio ??? O pacing do jogo é muuuuuito melhor que o do KH2. Tem bem mais trechos de gameplay antes das cutscenes e não tem nenhuma que você realmente sinta vontade de pular por ser inútil. Um ponto negativo é a falta de personagens de Final Fantasy, além do desfecho um pouco rushado. Scala ad Caelum podia ser bem maior, mas felizmente não é algo que atrapalha tanto.
Como citado anteriormente, os gráficos do jogo são excelentes. A quantidade de efeitos e partículas na tela, o Demon Tide com trocentos inimigos ao mesmo tempo, a qualidade dos modelos de cada personagem, tanto os estilizados como os realistas, as expressões faciais, tudo aqui é um primor técnico impressionante. Pra fechar, tem a trilha sonora, que novamente se mantém excelente e é provavelmente a melhor da franquia toda. "Don't Think Twice" é ainda melhor que "Simple and Clean". Minha maior reclamação foi "Face My Fears" na abertura, não combinou nem um pouco colocarem Skrillex no jogo. Preferia que tivessem usado "Don't Think Twice" como no encerramento ou pelo menos colocado o remix de "Simple and Clean" que toca no 0.2.
Kingdom Hearts 3 é tudo que eu queria. Ele melhora a enésima potência basicamente tudo que era bom no 2 e, apesar de cometer alguns deslizes, fica pau a pau com o segundo jogo da franquia, talvez sendo até melhor.
May your heart be your guiding key.”
@jaqueta
